Populismo
Populismo é um conceito que foi
utilizado pelos historiadores para explicar parte dos fenômenos políticos do
Brasil. Recentemente, esse termo tem sofrido diversas críticas.
Getúlio Vargas, presidente do Brasil entre 1930 e 1945 e entre 1951 e 1954, é considerado por muitos o maior nome do populismo no país. * |
Populismo é um termo
utilizado na Ciência Política para explicar práticas associadas a governantes
da América Latina durante boa parte do século XX. No caso do Brasil, essa
palavra é utilizada para se referir, principalmente, o período da nossa
história que se estendeu de 1930 a 1964.
A associação do populismo com a
fase citada fez com que ela ficasse conhecida como “República Populista”,
chamada pelos historiadores de Quarta República. Alguns políticos dessa época,
como Getúlio Vargas, JK e João Goulart, são encarados como
símbolos populistas.
No contexto atual, o termo
populismo tem sido relacionado a regimes e governantes que adotam um discurso
voltado para as massas, procurando dividir a sociedade em dois grupos. Nesse
sentido, o governante apresenta-se como o responsável por cumprir as vontades
do povo na luta contra um inimigo em comum da sociedade, como a elite corrupta.
Características do populismo
A definição clássica de populismo
foi construída para explicar a experiência histórica brasileira, e também de
outros países, no século XX. De acordo com a organização feita pelo historiador
e professor Marcos Napolitano, esse conceito apresenta as seguintes
características:
Relação direta e não
institucionalizada do líder com as massas: A relação do líder populista com o
povo era estabelecida por meio da influência de seu carisma sobre as massas.
Logo, não era um contato construído por nenhuma instituição política.
Forte nacionalismo econômico:
Tendência dos políticos a adotar medidas econômicas nacionalistas.
Discurso em defesa da união das
massas: O discurso era voltado para a conciliação das diferentes classes
sociais. Nesse sentido, o líder não falava em nome de uma classe específica,
mas sim em nome da nação.
Liderança política baseada no
carisma e no clientelismo: O papel de líder desempenhado pelo político
populista sustentava-se tanto no seu carisma quanto na rede de favores
desenvolvida a partir dele.
Frágil sistema partidário: Na
definição clássica, as nações populistas possuíam um sistema partidário frágil,
pois o poder político concentrava-se unicamente no líder, não nas instituições
políticas.
Essa organização era utilizada
para explicar a realidade brasileira, sendo aplicada também em processos
políticos que aconteceram em outros países da América Latina, como os casos
do peronismo (Argentina) e do cardenismo (México). No caso
do Brasil, o grande nome do populismo foi Getúlio Vargas, presidente do país em
dois momentos: 1930 a 1945 e 1951 a 1954.
Cientistas políticos e sociólogos
afirmam que o populismo se tratava de uma fase intermediária enfrentada por
sociedades “atrasadas” durante seu processo de modernização capitalista. Nesse
sentido, o populismo seria o estágio político encontrado por sociedades em
processo de urbanização para mediar o conflito de classes existente.
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Críticas ao conceito
O termo populismo foi muito
utilizado na segunda metade do século XX para explicar elementos da política do
Brasil e do restante da América Latina. No entanto, no final desse século, o
conceito perdeu um pouco de sua importância, já que estudiosos em História e
Ciência Política começaram a questionar se o emprego dessa palavra era de fato
apropriado para explicar os eventos e fenômenos políticos do nosso país.
No caso da experiência histórica
brasileira, historiadores passaram a questionar elementos que eram enxergados
como verdades absolutas em virtude do uso do termo populismo. Um exemplo claro
de uso equivocado dessa expressão no contexto da Quarta República é relacionado
à ideia clássica de que o populismo está vinculado à existência de um frágil
sistema partidário.
No caso da Quarta República, esse
equívoco é facilmente identificado, pois políticos de influência, como Getúlio
Vargas e João Goulart, viram seus governos ruírem por não possuírem o apoio
político necessário para sustentarem-se no poder. Além disso, nessa fase, os
partidos políticos tiveram um crescimento notável.
Outra questão levantada era como
o mesmo conceito poderia ser capaz de explicar fenômenos políticos de
realidades de diferentes países da América Latina e de outros continentes.
Sendo assim, desde a década de 1990, o uso do termo tem sido reavaliado
por muitos estudiosos.
Presidentes populistas
Ao longo da Quarta República, o
Brasil possuiu nove presidentes, dos quais cinco tiveram mandatos de longa
duração. Os cinco presidentes mais importantes desse período foram:
Eurico Gaspar Dutra (1946-1951)
Getúlio Vargas (1951-1954)
Juscelino Kubitschek (1956-1961)
Jânio Quadros (1961)
João Goulart (1961-1964)
Acesse também: Origem dos
termos direita e esquerda para se referir a ideologias políticas.
Populismo de direita
Nas últimas três décadas,
cientistas políticos têm dedicado-se ao estudo do fenômeno do populismo de
direita, ou seja, de práticas políticas caracterizadas como populistas, mas
realizadas por políticos conservadores, que vogam em ideologias posicionadas na
direita do espectro político.
Nos últimos anos, tem sido
estabelecido na América e na Europa um grande número de governos com prática
populista e ideologia vinculada à direita. Em virtude disso, o fenômeno do
populismo de direita tem ganhado importância na Ciência Política.
De acordo com estudiosos
políticos, as práticas mais comuns do populismo de direita são a realização das
vontades do governante como se fossem vontades do povo, o discurso antielite,
ataques contra o intelectualismo e o cientificismo. Críticas aos movimentos
migratórios também estão na pauta dos populistas de direita, além de um
discurso político moralista com forte apelo religioso.
*Créditos da imagem: FGV/CPDOC
Publicado por Daniel Neves Silva
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